FOTO JOSÉ LOPES
São tantos os olhos que me buscam, alguns fraternos, outros hostis, que aproveitam a transparência reticente da minha retina para esmiuçar meu íntimo avesso.
Então fujo – fecho os olhos - e procuro limpar a mente, colocar tudo em ordem...
Mas, lá estão os espectadores com suas perguntas suspensas no ar que eu não sei responder (não parei para pensar...) E, às vezes, até parece que sabem muito mais de mim do que eu mesma poderia saber.
Já devem ter descoberto de meus medos de minhas loucuras, minhas vontades, minhas angústias, meus mistérios, enfim. Porque as paredes que guardam meu avesso são frágeis e cristalinas como o vidro e permitem que eu fique exposta à apreciação daqueles que, em um único segundo, conseguem mergulhar e trazer à superfície sentimentos meus, contidos, reprimidos. Entretanto, ainda que me sinta exposta, de peito aberto, alma liberta, como é meu jeito de ser, revelo apenas aos mais íntimos que sou na verdade um turbilhão de emoções de uma simplicidade que até complica...
Malu Sant'Anna
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