quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Poema marginal


Esse poema já nasceu condenado, coitado!
Filho de mãe messalina e pai ignorado,
veio ao mundo imundo, impuro,
impregnado de culpa e pecado!

Trazia em si a fadiga
de um fardo humanamente profano.
Cheirava encrenca, balbúrdia,
vivia em meio à orgia
do submundo urbano.

Abusado, o poema cresceu,
adolescendo ainda mais leviano.
Disseminou verbetes impróprios,
andou por recantos inóspitos,
entregou-se ao apelo mundano.

Já adulto, adúltero,
desregrado, abusado, insano,
ao patíbulo foi condenado
morreu o poema, enforcado
por um algoz puritano.

Malu Sant’Anna

Versinho

FOTO JEFERSON MÜLLER TIMM

Queria te dar
um verso bonito
que ao ser escrito
se abrisse em flor...
Azul, tal qual o infinito
tão leve, bem dito,
um verso de amor.
Malu Sant'Anna