Esse poema já nasceu condenado, coitado!
Filho de mãe messalina e pai ignorado,
veio ao mundo imundo, impuro,
impregnado de culpa e pecado!
Trazia em si a fadiga
de um fardo humanamente profano.
Cheirava encrenca, balbúrdia,
vivia em meio à orgia
do submundo urbano.
Abusado, o poema cresceu,
adolescendo ainda mais leviano.
Disseminou verbetes impróprios,
andou por recantos inóspitos,
entregou-se ao apelo mundano.
Já adulto, adúltero,
desregrado, abusado, insano,
ao patíbulo foi condenado
morreu o poema, enforcado
por um algoz puritano.
Malu Sant’Anna
Um comentário:
Malu, sempre impecavel em tua escrita, e essa cheia de revolta e protesto (justificados)não ficou para trás. Sei que a raiva vai passar e tudo ficará bem em teu coração, sei também que és melhor que tudo isso. Não podemos nos abater pelas leviandades, não esmoreceremos jamais.
Lindo poema assim como tu o és.
Beijos...
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