quarta-feira, 19 de março de 2008

Eu, Borboleta


FOTO BY TATY CIDREIRA
Não posso acordar num novo dia
E simplesmente ser outra pessoa
Ter outra vida
Outros planos e sonhos
Tampouco posso apagar
Os capítulos que já escrevi
Impedir que as palavras ditas
Que os gestos praticados
Poupem o estrago que já causaram

Eu só posso aprender com os erros
Acordar agradecida pela vida
Pela família, pela saúde, pelo trabalho
Acreditar nas minhas vontades
E cuidar com zelo dos sonhos
Dos meus e dos que estão ligados a mim

Eu devo pensar mais do que falar
Sempre! Sempre pensar o que falo
Ao contrário de falar o que penso
E agir com o mundo
Como se estivesse diante de mim mesma
Porque a minha felicidade
Está onde o mundo é feliz

Cada dia é uma dádiva
Cada amizade um tesouro
Cada amor único em sua grandeza
Próprio por sua intensidade

Diante de tanta imensidão
De tudo aquilo que se descortina
Que desafia, que instiga
Um fragmento no tempo é o bastante
Para se eternizar uma vida

E ainda que muitas vezes eu amanheça lagarta
E me tranque em meu casulo cinzento
Em tantas outras manhãs
Eu, Borboleta, prefiro beber das flores
Colorindo meu paladar
Brincando com as cores, com os aromas
E, sobretudo, podendo voar...

Malu Sant’Anna